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A Anorexia em Portugal, Estaticamente Falando
A anorexia nervosa é um transtorno alimentar que, segundo analisado, detém um grande impacto na vida pessoal e social de cada pessoa que passa por esta problemática.
Corpo em Sintonia
10 de Dezembro 2023, 16:34
Figura 1 - Ilustra as algemas da anorexia nervosa em relação à alimentação
Fonte: GATDA
Pacientes que enfrentam a anorexia nervosa foram minuciosamente estudados pelo Centro Hospital São João, em Portugal, durante cinco anos. O estudo abordou características específicas dos doentes, revelando dados cruciais sobre o género mais afetado, a duração da anorexia no tratamento e fatores que desencadeiam a doença. Esta análise profunda oferece dados essenciais para se encontrarem abordagens mais eficazes no combate deste transtorno alimentar complexo.
A anorexia nervosa é um transtorno alimentar que causa uma descida significativa no peso corporal de uma pessoa, mais do que é considerado saudável. É uma doença perigosa que pode levar à morte nos casos onde não exista qualquer tipo de tratamento. É caracterizada pela restrição alimentar, medo intenso de ganhar peso ou a distorção da imagem corporal.
Segundo a Sic Notícias, há uma falta de dados e estudos sobre o assunto que poderiam ajudar no combate à doença e há também a falta de sensibilização quanto à anorexia nervosa.
Posto isto, o Centro Hospital São João, em Portugal, realizou um estudo de Janeiro de 2010 a Dezembro de 2015, com uma amostra de 169 pessoas, com o objetivo de recolher características das pessoas com a doença e perceber se a duração da mesma as afeta ao longo do tratamento.
Entende-se que as mulheres são a maior fração da população com anorexia nervosa, com 93,2% enquanto os homens apenas representam 6,8% da população, como podemos observar no gráfico 1. O principal motivo para tal desequilíbrio entre géneros, recaí sobre o facto de desde há muito serem impostos padrões de beleza principalmente ao género feminino, onde a pressão face à aparência física de cada mulher era e é ainda muito comum. Atualmente e com a ativação em massa do mundo online, os padrões de beleza estão ainda presentes na sociedade e estes podem ter como consequência os distúrbios alimentares. Os distúrbios alimentares podem manifestar-se como método para atingir aquele que é considerado como o “corpo ideal”. Alguns estudos afirmam que a parte hormonal, mais especificamente o ciclo menstrual pode estar relacionado com o aparecimento deste transtorno, bem como a parte genética, de acordo com a investigadora Janet Treasure, do Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência da King's College de Londres. Por fim, denote-se que a doença em diversos locais aparece constantemente associada ao género feminino, inclusive em sites de clínicas e hospitais de renome.
Para além do género, considera-se o isolamento social uma das causas que suscita o desenvolvimento deste transtorno alimentar. Segundo os estudos, as amizades, o agregado familiar, os relacionamentos podem afetar uma pessoa e contribuir para a anorexia nervosa. No gráfico 2 observa-se a relação entre a anorexia nervosa e o estado civil. Note-se que as pessoas que maioritariamente desenvolvem esta doença encontram-se solteiras (90,3%). O stress nos relacionamentos, sejam estes amorosos ou de amizade, podem piorar a anorexia nervosa ou podem originar doenças de níveis extremos. Como já referido, as hormonas aqui também têm o seu papel. Logo para a maioria das mulheres, são parte significativa de qualquer relacionamento. Por último mas não menos importante, as emoções acompanham uma pessoa em todos os momentos, logo estão presentes em todos os relacionamentos. Assim, as emoções são algo que intervém na nossa saúde mental, quando estas são negativas, podem conduzir a um transtorno alimentar.
Assim, todas as pessoas com anorexia nervosa, independentemente do seu estado civil, precisam de um grande e forte apoio por parte do seu círculo social.
Quando alguém diagnosticado com anorexia nervosa dá entrada num hospital ou clínica, deve ser questionado qual o seu nível de escolaridade, isto devido aos impactos distintos que cada etapa da vida escola tem associados.
A maioria dos casos verificam-se em pessoas que completaram o ensino secundário, representando uma taxa significativa de 42,7%. Esta observação levanta questões sobre a relação que existe entre os vários tipos de desafios, nomeadamente quanto aos desafios emocionais e quanto às pressões académicas eminentes durante este período tempo, que podem constituir-se como auxiliares (negativos) no desenvolvimento da doença, anorexia nervosa.
O ensino superior apresenta uma taxa considerável de 38,8%, o que indica que mesmo após a conclusão do ensino secundário, os desafios associados ao ambiente académico continuam a influenciar a presença da anorexia.
Os dados revelam uma incidência menor entre os pacientes do 3º ciclo, com 10,7%, o que pode sugerir que as pressões durante esta fase específica de ensino podem já ser tidas em conta como algo que contribuí para o desenvolvimento desta doença, embora em menor grau.
Importante notar que, à data, a taxa de participantes que completaram o 2º ciclo incide sobre 1% e a taxa onde a anorexia marca menos presença é a taxa do 1º ciclo, visto que é nula.
Este estudo revela e releva em simultâneo a importância e o impacto que o sector educacional tem na saúde mental e a forma como este é posto em prática em Portugal. Estes dados chamam à atenção para o suporte emocional que deve vigorar nos ambientes educacionais de forma a quebrar tabus e fornecer conhecimentos da doença, para que nenhum aluno se sinta desconfortável com o ato de pedir ajuda. Deve-se também promover a consciencialização para a problemática da anorexia nervosa e distúrbios alimentares, bem como a consciencialização de outras problemáticas sendo que para todas elas devem sempre existir recursos de auxílio apropriados.
O estudo baseia-se na hipótese de que pacientes com maior longevidade da doença apresentam piores prognóstico e resultados finais. Assim, o mais importante a analisar é a duração da anorexia nervosa e o resultado do tratamento.
No gráfico 3 pobserva-se que 46,2% dos pacientes recuperaram, seja na totalidade ou parcialmente. A recuperação parcial corresponde à recuperação física do paciente mas não psicológica, visto que ainda apresentam sintomas da doença — anorexia nervosa.
Neste gráfico a maioria não se apresenta como sendo algo positivo, 53,8% não apresentam bons resultados. Estes resultados negativos significam que durante o tratamento 90 pessoas desistiram ao longo do percurso. É, então, entendido que a maioria dos pacientes desiste porque opta pela resistência ao tratamento ou pelo facto de ainda não ter aceite a doença e a sua necessidade de recuperação
Em alguns casos - 24,2%- os pacientes encontram-se num período de estagnação onde não pioram devido ao tratamento já recebido mas, em contrapartida, também não conseguem melhorar. A estagnação pode resultar por via de falta de apoio para a recuperação total ou pela falta de vontade do próprio no alcance de uma recuperação geral (física, psicológica e emocional).
O transtorno alimentar da anorexia nervosa, é uma doença que leva à morte, ao suicídio ou a graves problemas médicos. Perante todas estas deve, sempre, existir uma extrema sensibilidade.
Ao longo do estudo é possível entender que a maioria dos pacientes com anorexia nervosa é do género feminino, completou o ensino secundário e é solteiro. Conclui-se que as jovens tendem a ser mais críticas sobre si mesmas e criticadas por terceiros, o que leva a graves resultados. Mesmo com o tratamento correto, é preciso saber encarar, aceitar e combater a doença. Perceber que para uma vida sã é imprescindível não requerer ajuda para a recuperação.